Ap 5, 12; 1, 6
Antífona de entrada: O Cordeiro que foi
imolado é digno de receber o poder e a riqueza, a sabedoria, a honra e o
louvor. Glória ao Senhor pelos séculos dos séculos.
Celebramos Jesus Cristo como Rei
Universal. Fixemos os olhos em Jesus pregado na Cruz que temos junto a
este altar. Uma cruz é o seu trono real. É a partir daqui, da sua morte
pelos nossos pecados, que Jesus Cristo estabelece o seu reinado, um
reino de paz e de reconciliação universal. Com os sentimentos do ladrão
arrependido peçamos perdão por todas as vezes que pusemos obstáculos ao
reinado de Cristo no nosso coração e à nossa volta
Primeira Leitura: 2 Samuel 5, 1-3
1Naqueles dias, todas as tribos de Israel foram ter com David a Hebron e disseram-lhe: «Nós somos dos teus ossos e da tua carne. 2Já
antes, quando Saúl era o nosso rei, eras tu quem dirigia as entradas e
saídas de Israel. E o Senhor disse-te: ‘Tu apascentarás o meu povo de
Israel, tu serás rei de Israel’». 3Todos os anciãos de Israel
foram à presença do rei, a Hebron. O rei David concluiu com eles uma
aliança diante do Senhor e eles ungiram David como rei de Israel.
Aqui David é ungido em Hebron como rei de Israel. Se bem que já tinha sido ungido perante os seus irmãos por Samuel (1 Sam
16), só a partir deste momento é que David é reconhecido como rei por
todas as tribos; ele é a figura de Cristo, Rei de todos os homens.
2 «Entradas e saídas» é uma
expressão muito corrente nas Escrituras e que é uma rica metáfora para
indicar toda a vida duma pessoa, o seu dia a dia, a vida corrente. De
facto, por um lado, a vida do homem sobre a terra está enquadrada por
dois momentos decisivos: uma entrada ao nascer e uma saída ao morrer;
por outro lado, como as casas não eram para se viver nelas, toda a vida
se desenrolava entre um sair de casa para trabalhar e um entrar para
descansar.
Salmo Responsorial Sl 121 (122), 1-2.4-5 (R. cf. 1)
Refrão: Vamos com alegria para a casa do Senhor.
Alegrei-me quando me disseram:
«Vamos para a casa do Senhor».
Detiveram-se os nossos passos
às tuas portas, Jerusalém.
Jerusalém, cidade bem edificada,
que forma tão belo conjunto!
Para lá sobem as tribos,
as tribos do Senhor.
Para celebrar o nome do Senhor,
segundo o costume de Israel;
ali estão os tribunais da justiça,
os tribunais da casa de David.
Segunda Leitura: Colossenses 1, 12-20
Irmãos: 12Damos graças a Deus Pai,
que nos fez dignos de tomar parte na herança dos santos, na luz divina.
13Ele nos libertou do poder das trevas e nos transferiu para o reino do
seu Filho muito amado, 14no qual temos a redenção, o perdão dos pecados.
15Cristo é a imagem de Deus invisível, o Primogénito de toda a
criatura; 16porque n’Ele foram criadas todas as coisas no céu e na
terra, visíveis e invisíveis, Tronos e Dominações, Principados e
Potestades: por Ele e para Ele tudo foi criado. 17Ele é anterior a todas
as coisas e n’Ele tudo subsiste. 18Ele é a cabeça da Igreja, que é o
seu corpo. Ele é o Princípio, o Primogénito de entre os mortos; em tudo
Ele tem o primeiro lugar. 19Aprouve a Deus que n’Ele residisse toda a
plenitude 20e por Ele fossem reconciliadas consigo todas as coisas,
estabelecendo a paz, pelo sangue da sua cruz, com todas as criaturas na
terra e nos céus.
.
O texto da nossa leitura, com um certo
sabor de um hino a Cristo, condensa o ensino central desta carta do
cativeiro, e é uma das belas e ricas sínteses da cristologia paulina. Em
face da chamada «crise de Colossas», em que alguns põem em causa a
primazia absoluta de Cristo, colocando-O ao nível de outros seres
superiores e intermédios, quer da cultura pagã, quer da cultura judaica,
S. Paulo ensina peremptoriamente a mais completa supremacia de Cristo na ordem da Criação – vv. 15-17 – e na ordem da Redenção – vv. 18-20, em virtude da sua acção redentora, que reconcilia todas as coisas com Deus na paz.
15-16 «Cristo é a imagem de Deus invisível». Imagem, para um semita, não é simplesmente a figuração duma realidade, de natureza distinta, mas é, antes de mais, a exteriorização
sensível da própria realidade oculta e da sua mesma essência. Assim, é
afirmada a divindade de Cristo, o qual nos torna visível e tangível o
próprio Deus invisível e transcendente (cf. Jo 1, 18; 14, 9-11; 2 Cor 4, 4; Hbr 1, 3). Cristo também é «o Primogénito de toda a criatura»,
no sentido da sua preeminência única sobre todas as criaturas, não só
por Ele existir antes de todas, não, porém, no sentido ariano de
primeira criatura, mas enquanto todas foram criadas «n’Ele», «por Ele» e
«para Ele» (v.16). Não se diz no texto que Cristo seja uma criatura
primogénita, mas o que se diz é que Ele é primogénito porque está acima
de todas as criaturas, e porque «em tudo Ele tem o primeiro lugar» (v.
18); também Jacob era primogénito, embora não tivesse nascido primeiro
que Isaú.
18-20 Na ordem da Graça e da Redenção, também «em tudo Ele tem o primeiro lugar» (v. 18), pois Ele é a «cabeça da Igreja, que é o seu corpo», é o «Princípio, o Primogénito (o primeiro a ressuscitar) entre os mortos». Enfim, «aprouve a Deus que residisse n’Ele a plenitude», isto é, a totalidade de todos os tesouros da graça que Deus comunica ao homens depois do pecado, em ordem à reconciliação que Ele realiza «pelo sangue da sua Cruz» (v. 20). Em Col 2, 9 diz-se que em Cristo «habita corporalmente toda a plenitude da natureza divina».
Em suma, como se exprime, em rica síntese, a Bíblia de Pirot, Cristo tem a supremacia absoluta em todos os aspectos: na ordem natural, pela criação (vv. 16.17); na ordem da graça, como Redentor (v. 20); na ordem moral e mística, como Cabeça do Corpo Místico (v. 18a); e na ordem escatológica, pela sua Ressurreição (v. 18b).
Evangelho Lucas 23, 35-43
35Naquele tempo, os chefes dos
judeus zombavam de Jesus, dizendo: «Salvou os outros: salve-Se a Si
mesmo, se é o Messias de Deus, o Eleito». 36Também os soldados troçavam
d’Ele; aproximando-se para Lhe oferecerem vinagre, diziam: 37«Se és o
Rei dos judeus, salva-Te a Ti mesmo». Por cima d’Ele havia um letreiro:
«Este é o Rei dos judeus». 38Entretanto, um dos malfeitores que tinham
sido crucificados insultava-O, dizendo: «Não és Tu o Messias? Salva-Te a
Ti mesmo e a nós também». 40Mas o outro, tomando a palavra,
repreendeu-o: «Não temes a Deus, tu que sofres o mesmo suplício?
41Quanto a nós, fez-se justiça, pois recebemos o castigo das nossas más
acções. Mas Ele nada praticou de condenável». 42E acrescentou: «Jesus,
lembra-Te de Mim, quando vieres com a tua realeza». 43Jesus
respondeu-lhe: «Em verdade te digo: Hoje estarás comigo no Paraíso».
.
O paradoxo de um rei crucificado,
sujeito ao sarcasmo mais aviltante (vv. 35-39), é o que há de mais
impensável, para Jesus poder ser anunciado como o Messias Rei, não só
para os judeus, mas para toda a Humanidade. Só se pode apresentar deste
modo a Jesus, se Ele é mesmo Rei de verdade, embora seja um escândalo
para os judeus e uma loucura para os gentios (cf. 1 Cor 1, 23); para nós, é a salvação mais comovedora que Deus nos pode oferecer, é o Rei que nos conquista pela máxima prova de amor.
Jesus, que, diante de Pilatos, já tinha declarado o que não é a sua realeza (cf. Jo 18, 36), não explicando mais, porque o prefeito romano não se interessa pela verdade (cf. Jo
18, 38), abre agora o seu coração a um criminoso, que, do meio do seu
suplício, implora arrependido a misericórdia divina; Jesus revela-lhe
que realeza é a sua e onde está o seu Reino: no «Paraíso», o Céu, onde vai entrar «hoje» mesmo (v. 43), sem ser preciso esperar por uma consumação escatológica geral do final dos tempos, segundo a expressão, «quando vieres com a tua realeza» (v. 42), própria do Messias, ao dar-se a ressurreição final.
Na cena do ladrão arrependido fica
patente a natureza do Reino de Cristo: é um reinado de perdão e
misericórdia para conduzir os pecadores à salvação eterna.
fonte: www.presbiteros.com.br
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