sábado, 23 de novembro de 2013

SOLENIDADE DE CRISTO REI - ANO C - 24/11/13


cristo-rei



Ap 5, 12; 1, 6
Antífona de entrada: O Cordeiro que foi imolado é digno de receber o poder e a riqueza, a sabedoria, a honra e o louvor. Glória ao Senhor pelos séculos dos séculos.
Celebramos Jesus Cristo como Rei Universal. Fixemos os olhos em Jesus pregado na Cruz que temos junto a este altar. Uma cruz é o seu trono real. É a partir daqui, da sua morte pelos nossos pecados, que Jesus Cristo estabelece o seu reinado, um reino de paz e de reconciliação universal. Com os sentimentos do ladrão arrependido peçamos perdão por todas as vezes que pusemos obstáculos ao reinado de Cristo no nosso coração e à nossa volta

Primeira Leitura: 2 Samuel 5, 1-3

1Naqueles dias, todas as tribos de Israel foram ter com David a Hebron e disseram-lhe: «Nós somos dos teus ossos e da tua carne. 2Já antes, quando Saúl era o nosso rei, eras tu quem dirigia as entradas e saídas de Israel. E o Senhor disse-te: ‘Tu apascentarás o meu povo de Israel, tu serás rei de Israel’». 3Todos os anciãos de Israel foram à presença do rei, a Hebron. O rei David concluiu com eles uma aliança diante do Senhor e eles ungiram David como rei de Israel.
Aqui David é ungido em Hebron como rei de Israel. Se bem que já tinha sido ungido perante os seus irmãos por Samuel (1 Sam 16), só a partir deste momento é que David é reconhecido como rei por todas as tribos; ele é a figura de Cristo, Rei de todos os homens.
2 «Entradas e saídas» é uma expressão muito corrente nas Escrituras e que é uma rica metáfora para indicar toda a vida duma pessoa, o seu dia a dia, a vida corrente. De facto, por um lado, a vida do homem sobre a terra está enquadrada por dois momentos decisivos: uma entrada ao nascer e uma saída ao morrer; por outro lado, como as casas não eram para se viver nelas, toda a vida se desenrolava entre um sair de casa para trabalhar e um entrar para descansar.

Salmo Responsorial Sl 121 (122), 1-2.4-5 (R. cf. 1)

Refrão: Vamos com alegria para a casa do Senhor.
Alegrei-me quando me disseram:
«Vamos para a casa do Senhor».
Detiveram-se os nossos passos
às tuas portas, Jerusalém.
Jerusalém, cidade bem edificada,
que forma tão belo conjunto!
Para lá sobem as tribos,
as tribos do Senhor.
Para celebrar o nome do Senhor,
segundo o costume de Israel;
ali estão os tribunais da justiça,
os tribunais da casa de David.

Segunda Leitura: Colossenses 1, 12-20

Irmãos: 12Damos graças a Deus Pai, que nos fez dignos de tomar parte na herança dos santos, na luz divina. 13Ele nos libertou do poder das trevas e nos transferiu para o reino do seu Filho muito amado, 14no qual temos a redenção, o perdão dos pecados. 15Cristo é a imagem de Deus invisível, o Primogénito de toda a criatura; 16porque n’Ele foram criadas todas as coisas no céu e na terra, visíveis e invisíveis, Tronos e Dominações, Principados e Potestades: por Ele e para Ele tudo foi criado. 17Ele é anterior a todas as coisas e n’Ele tudo subsiste. 18Ele é a cabeça da Igreja, que é o seu corpo. Ele é o Princípio, o Primogénito de entre os mortos; em tudo Ele tem o primeiro lugar. 19Aprouve a Deus que n’Ele residisse toda a plenitude 20e por Ele fossem reconciliadas consigo todas as coisas, estabelecendo a paz, pelo sangue da sua cruz, com todas as criaturas na terra e nos céus.
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O texto da nossa leitura, com um certo sabor de um hino a Cristo, condensa o ensino central desta carta do cativeiro, e é uma das belas e ricas sínteses da cristologia paulina. Em face da chamada «crise de Colossas», em que alguns põem em causa a primazia absoluta de Cristo, colocando-O ao nível de outros seres superiores e intermédios, quer da cultura pagã, quer da cultura judaica, S. Paulo ensina peremptoriamente a mais completa supremacia de Cristo na ordem da Criação – vv. 15-17 – e na ordem da Redenção – vv. 18-20, em virtude da sua acção redentora, que reconcilia todas as coisas com Deus na paz.
15-16 «Cristo é a imagem de Deus invisível». Imagem, para um semita, não é simplesmente a figuração duma realidade, de natureza distinta, mas é, antes de mais, a exteriorização sensível da própria realidade oculta e da sua mesma essência. Assim, é afirmada a divindade de Cristo, o qual nos torna visível e tangível o próprio Deus invisível e transcendente (cf. Jo 1, 18; 14, 9-11; 2 Cor 4, 4; Hbr 1, 3). Cristo também é «o Primogénito de toda a criatura», no sentido da sua preeminência única sobre todas as criaturas, não só por Ele existir antes de todas, não, porém, no sentido ariano de primeira criatura, mas enquanto todas foram criadas «n’Ele», «por Ele» e «para Ele» (v.16). Não se diz no texto que Cristo seja uma criatura primogénita, mas o que se diz é que Ele é primogénito porque está acima de todas as criaturas, e porque «em tudo Ele tem o primeiro lugar» (v. 18); também Jacob era primogénito, embora não tivesse nascido primeiro que Isaú.
18-20 Na ordem da Graça e da Redenção, também «em tudo Ele tem o primeiro lugar» (v. 18), pois Ele é a «cabeça da Igreja, que é o seu corpo», é o «Princípio, o Primogénito (o primeiro a ressuscitar) entre os mortos». Enfim, «aprouve a Deus que residisse n’Ele a plenitude», isto é, a totalidade de todos os tesouros da graça que Deus comunica ao homens depois do pecado, em ordem à reconciliação que Ele realiza «pelo sangue da sua Cruz» (v. 20). Em Col 2, 9 diz-se que em Cristo «habita corporalmente toda a plenitude da natureza divina».
Em suma, como se exprime, em rica síntese, a Bíblia de Pirot, Cristo tem a supremacia absoluta em todos os aspectos: na ordem natural, pela criação (vv. 16.17); na ordem da graça, como Redentor (v. 20); na ordem moral e mística, como Cabeça do Corpo Místico (v. 18a); e na ordem escatológica, pela sua Ressurreição (v. 18b).

Evangelho  Lucas 23, 35-43

35Naquele tempo, os chefes dos judeus zombavam de Jesus, dizendo: «Salvou os outros: salve-Se a Si mesmo, se é o Messias de Deus, o Eleito». 36Também os soldados troçavam d’Ele; aproximando-se para Lhe oferecerem vinagre, diziam: 37«Se és o Rei dos judeus, salva-Te a Ti mesmo». Por cima d’Ele havia um letreiro: «Este é o Rei dos judeus». 38Entretanto, um dos malfeitores que tinham sido crucificados insultava-O, dizendo: «Não és Tu o Messias? Salva-Te a Ti mesmo e a nós também». 40Mas o outro, tomando a palavra, repreendeu-o: «Não temes a Deus, tu que sofres o mesmo suplício? 41Quanto a nós, fez-se justiça, pois recebemos o castigo das nossas más acções. Mas Ele nada praticou de condenável». 42E acrescentou: «Jesus, lembra-Te de Mim, quando vieres com a tua realeza». 43Jesus respondeu-lhe: «Em verdade te digo: Hoje estarás comigo no Paraíso».
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O paradoxo de um rei crucificado, sujeito ao sarcasmo mais aviltante (vv. 35-39), é o que há de mais impensável, para Jesus poder ser anunciado como o Messias Rei, não só para os judeus, mas para toda a Humanidade. Só se pode apresentar deste modo a Jesus, se Ele é mesmo Rei de verdade, embora seja um escândalo para os judeus e uma loucura para os gentios (cf. 1 Cor 1, 23); para nós, é a salvação mais comovedora que Deus nos pode oferecer, é o Rei que nos conquista pela máxima prova de amor.
Jesus, que, diante de Pilatos, já tinha declarado o que não é a sua realeza (cf. Jo 18, 36), não explicando mais, porque o prefeito romano não se interessa pela verdade (cf. Jo 18, 38), abre agora o seu coração a um criminoso, que, do meio do seu suplício, implora arrependido a misericórdia divina; Jesus revela-lhe que realeza é a sua e onde está o seu Reino: no «Paraíso», o Céu, onde vai entrar «hoje» mesmo (v. 43), sem ser preciso esperar por uma consumação escatológica geral do final dos tempos, segundo a expressão, «quando vieres com a tua realeza» (v. 42), própria do Messias, ao dar-se a ressurreição final.
Na cena do ladrão arrependido fica patente a natureza do Reino de Cristo: é um reinado de perdão e misericórdia para conduzir os pecadores à salvação eterna.
fonte: www.presbiteros.com.br

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