O
presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB, dom
Eduardo Pinheiro da Silva, enviou carta aos padres e responsáveis pela
evangelização da juventude no Brasil. No texto, o bispo pede que as
paróquias se empenhem na elaboração de um pequeno Plano Paroquial da
Evangelização da Juventude. Para dom Eduardo, “toda Paróquia, para seu
crescimento e dinamismo pastoral, merece algo elaborado e escrito que
sustente suas grandes e importantes opções. Caso contrário,
conseguiremos muito pouco, perderemos preciosas oportunidades,
alimentaremos apatias e omissões”.
Confira a íntegra do texto:
Caros párocos e demais responsáveis pela evangelização da juventude no Brasil
“Os jovens são um motor potente para a Igreja e para a sociedade.” (Papa Francisco, julho 2013)
A vida nos ensina que uma meta não se
atinge se não vier acompanhada de uma adequada organização que congregue
esforços em sua direção. Como Igreja, que assume a responsabilidade de
ser semente do Reino, acreditamos na necessidade e força de um bom Plano
Pastoral.
Neste tempo favorável à juventude, à luz
do convite do Papa Francisco para construirmos a cultura do encontro e
da acolhida, é imprescindível a existência de um processo que nos ajude
na evangelização da juventude. Toda Paróquia, para seu crescimento e
dinamismo pastoral, merece algo elaborado e escrito que sustente suas
grandes e importantes opções. Caso contrário, conseguiremos muito pouco,
perderemos preciosas oportunidades, alimentaremos apatias e omissões.
Provavelmente há Paróquias que já
possuem um Plano que as oriente, mas outras não têm este hábito tão
salutar, capaz de garantir serenidade e clareza no caminhar. Sugiro a
estas que, como gesto significativo deste “Ano da Juventude”, se
empenhem na elaboração de um pequeno “Plano Paroquial da Evangelização
da Juventude”. Não precisa ser complexo nem muito técnico ou
milimetricamente organizado, mas uma redação que, sendo fruto de um
planejamento participativo, contemple a realidade, sustente os sonhos,
aponte caminhos concretos.
Há vários modelos de Plano; é importante
escolher um que seja factível, tenha poder de envolvimento das novas
gerações e incremente o protagonismo juvenil. Apresento-lhes, a seguir,
alguns esclarecimentos e, depois, sugestões para a sua realização.
A EVANGELIZAÇÃO da juventude é nosso
grande objetivo. Em vista disto, assumimos um PLANEJAMENTO que significa
todo o processo estabelecido para se organizar as decisões; contempla
vários momentos e não acontece numa única reunião. Já o PLANO é o
registro por escrito das motivações e decisões realizadas durante o
processo. Os PROJETOS são as ações detalhadas que garantem o alcance dos
objetivos de um Plano. E o CRONOGRAMA é a lista de ações a serem
realizadas, com suas datas, responsáveis e destinatários.
Para o processo ser bem construído, é
imprescindível envolver representantes de TODAS as expressões juvenis
que atuam na Paróquia: pastorais da juventude, movimentos, novas
comunidades, congregações religiosas, catequese de crisma, pastoral da
educação, pastoral familiar, pastoral vocacional, etc. Cada uma delas
traz a singularidade de sua visão, experiência, anseios.
O Plano finalizado contempla uma série
de partes, importantes para o registro do caminho realizado e a clareza
do que se deseja atingir. Sua redação poderia constar, por exemplo, de:
Apresentação, Introdução, Realidade Juvenil, Princípios da
Evangelização, Objetivos, Projetos, Cronograma, Anexos.
A Apresentação e a Introdução são
elaboradas no final de todo o processo. A primeira é confeccionada pelo
pároco e menciona o valor do Plano; manifesta alegria pelo caminho feito
e agradece os envolvidos na sua construção. A segunda registra uma
síntese do processo realizado e de cada um dos capítulos ou partes.
A constatação da Realidade Juvenil
Paroquial é essencial. Isto se consegue por diversos caminhos:
discussões, palestras, vídeos, testemunhos, pesquisas, relatos dos
próprios jovens. No final é importante destacar aquilo que mais
interessa à evangelização da juventude diante dos novos rostos juvenis e
areópagos desafiadores. Um olhar especial deve ser dirigido aos jovens
mais afastados, pobres, desprezados, violentados, presentes na realidade
paroquial e vizinhança.
Diante desta realidade juvenil, o grupo,
então, recorda e registra os Princípios básicos da Evangelização da
Juventude. É o momento de se deixar iluminar por Deus que nos fala por
meio de sua Palavra, dos Documentos eclesiais, dos últimos
acontecimentos e subsídios, como: Campanha da Fraternidade 2013,
discursos do Papa na Jornada Mundial da Juventude. É fundamental retomar
e acolher os principais pontos do Documento 85 da CNBB: Evangelização
da Juventude: Desafios e Perspectivas Pastorais.
Em seguida, redigem-se os Objetivos da
ação evangelizadora da Paróquia em vista da juventude. Eles podem ser
divididos em Geral e Específicos, e necessitam ser claros e concretos em
sua redação. Para que estes Objetivos estejam em perfeita harmonia com a
caminhada diocesana e paroquial faz-se necessário ler, estudar e
considerar os principais objetivos destas instâncias.
Somente após todo este processo,
redigem-se os Projetos; eles são fundamentais para que os sonhos sejam
realizados. Não precisam ser muitos, mas espera-se que sejam
envolventes, fáceis de serem compreendidos e concretizados. Os Projetos
são atividades com significado; carregam em si a força de um processo e,
portanto, não são meras atividades ou eventos. Como o Documento 85 da
CNBB é a base atual de todo trabalho juvenil no Brasil, solicita-se que
ele seja a fonte principal para a elaboração dos Projetos. Após a
leitura das 8 Linhas de Ação a Paróquia poderia escolher o que é mais
urgente de cada Linha e incrementá-lo. Numa mesma redação, para cada um
dos Projetos, é preciso constar o título, as atividades correspondentes,
os destinatários prioritários, local e data, pessoas e parceiros
envolvidos, o coordenador, orçamento e material necessários.
Uma das últimas partes a serem montadas é
o Cronograma. Ao descrever as atividades de cada mês, é importante ter
clareza, principalmente, da data, do horário, do local, do responsável.
Podem ser registradas aí, também, as principais datas da pastoral geral
paroquial.
Alguns outros detalhes organizativos
seriam, por exemplo: permear este tempo de construção com orações,
pensar num dia especial para o lançamento do Plano, elaborar estratégias
para que ele seja cada vez mais conhecido, estudado, aplicado por toda a
Paróquia.
Parabéns para aquelas Paróquias que já
possuem o hábito de organizar a ação evangelizadora entre os jovens! E
coragem para aquelas que ainda não realizam este processo!
Termino esta carta com quatro últimas solicitações:
- Realizem promoções e coletas para
contribuir com a Arquidiocese do Rio de Janeiro para que ela possa
quitar os investimentos feitos em prol da JMJ (cf. www.doarjmj.com.br);
- Rezem para que o Encontro de
Revitalização da Pastoral Juvenil no Brasil, que acontecerá em dezembro,
traga bons frutos para toda a nossa Igreja (cf.
www.jovensconectados.org.br);
- Participem e propaguem o Curso sobre
Técnicas de Acompanhamento de Adolescentes e Jovens, em modalidade EAD
(cf. www.rs21.com.br/cnbb).
- Aproveitem este tempo de Advento e
Natal para favorecer o protagonismo juvenil por meio do envolvimento dos
jovens em suas ações litúrgicas, pastorais e sociais.
Neste Ano da Juventude, rico em ocasiões
a favor dos jovens, somos convocados pela Igreja a potencializarmos a
evangelização no meio deles. Não percamos esta singular ocasião que tem
nos mostrado a beleza, a força e os sonhos de uma juventude que quer
fazer a diferença em contexto de “mudança de época”. É preciso saber
valorizar e organizar estes seus dons, afinal de contas “Os jovens são
um motor potente para a Igreja e para a sociedade.” (Francisco, JMJ
2013)
Louvo a Deus por tantas coisas bonitas
que estão acontecendo a favor dos jovens, e peço a Ele que renove o
ardor pastoral daqueles e daquelas que têm apostado na juventude local e
se empenhado na construção de um mundo melhor por meio dela.
Deus os abençoe.

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