Dom José Alberto Moura
Arcebispo de Montes Claros (MG)
Publicado no Site da CNBB - Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
O que é a felicidade? Muitas
respostas se dão, com a de se sentir bem, ter saúde, dinheiro, sucesso
nos negócios, família boa, prazeres, bem estar físico, mental,
psicológico e espiritual... Há quem prefira até se sacrificar em busca
de valores mais elevados na vida, como a realização de um projeto de
vida para melhor usar os talentos em bem da sociedade... Há políticos
que dizem ser tais para servirem... Há quem prefira o encargo para tirar
vantagens, até de modo antiético e imoral... Para alguns a finalidade
de se projetarem justifica os meios do roubo e do engano ao próximo e à
sociedade. Qual felicidade se busca?
Jesus desafia as pessoas para serem
felizes de outro modo, na consecução do grande tesouro na vida, que não
se baseia no transitório buscado como finalidade. Seu caminho é mais
estreito. O único que leva ao tesouro absoluto, onde a traça não come
nem a ferrugem destrói. É lógica e necessária a busca do bem estar
procurado dentro dos parâmetros da dignidade da vida, da justiça, da
ética e da lei de Deus. Os ídolos assumidos como deuses não levam à
felicidade consistente e perpétua. O próprio Jesus fala da relatividade
do ter, do poder e do prazer. Mesmo se a pessoa ganhar o mundo todo e
não ganhar a felicidade imorredoura vai adiantar pouco. Perguntado por
que possuir vinte fazendas, a pessoa respondeu que era para mostrar sua
vantagem em relação a seus colegas, mostrando que tinha mais do que
eles. Tais propriedades eram improdutivas e não serviam as comunidades.
Só o orgulho e a ambição não fazem a pessoa ser feliz de verdade!
As bem-aventuranças mostram o programa
de vida feliz, apresentadas por Jesus. Os pobres em espírito são os que
até podem usar das coisas materiais, mas sem apego. São pessoas que se
esvaziam do egoísmo e se enchem do amor de Deus para usar tudo como meio
de serviço ao próximo. Os aflitos se ocupam com a superação dos males
do semelhante e não se acomodam em seu bem estar pessoal. Os que exercem
a mansidão têm atitude de ponderação e confiança em Deus, para se
colocarem disponíveis, na utilização de seus talentos, ajudando o
próximo. Quem tem fome e sede de justiça une-se a pessoas e causas
comuns para ajudarem na erradicação das fontes de injustiças na
sociedade. Misericordioso é quem tem atitude de Cristo, mostrando ter
coração e compaixão para com as pessoas falhas e sofredoras. Quem tem
retidão de intenções sabe agir com a prática da ética e da valorização
da verdade e do bem.
A pessoa que é do bem olha e promove o
entendimento, assim como o diálogo e o apaziguamento dos conflitos, para
o exercício da caridade. Quem é perseguido por causa da justiça tem a
consciência tranqüila e sabe superar o rancor e a vingança, mostrando a
verdade e o bem que procura realizar. Todo o sofrimento e incompreensão
havidos por causa da coerência e da fé em Cristo, asseguram a certeza
da retribuição por parte de Deus.
Muitos pensam que a felicidade é ter
tudo para si, fechando-se no egoísmo. Jesus mostra que há mais
felicidade em servir do que em ser serviço. Embora os filhos das trevas
sejam mais espertos em seus negócios do que os filhos da luz, o próprio
Filho de Deus nos ensina que, no final, o joio vai ser arrancado e
jogado no fogo. O trigo vai ser guardado no celeiro do Reino de Deus.
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